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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Chamada de Artigos, Revista Marxismo e Autogestão 02
A Revista Marxismo e Autogestão lança chamada de artigos para o seu segundo número, para ter acesso clique aqui.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Teóricos da Autogestão: Anton Pannekoek
ANTON PANNEKOEK: TEÓRICO DA AUTOGESTÃO
BREVE
BIOGRAFIA
Anton
Pannekoek nasceu em Vaassen, Holanda, em 02 de janeiro de 1873. Sua família era
das classes privilegiadas e seu pai era ligado ao Partido Liberal, motivo pelo
qual ele iniciou sua participação política no interior do liberalismo. Com o
passar do tempo vai se afastando dessa tendência e ao entrar na universidade
para estudar astronomia, se afasta e passa a atua no Partido Socialdemocrata da
Holanda. Logo se alinha com as tendências dissidentes, que publicavam o jornal
A Tribunal, razão pela qual sua posição e de outros como o poeta Hermann Gorter
passou a ser chamada de “tribunista”. Posteriormente rompe com a
socialdemocracia, após estada na Alemanha, e acaba apoiando o processo
revolucionário alemão e se aliando, junto com outros militantes como Gorter,
Mattick, Rühle, ao Partido Comunista Operário Alemão, que era antiburocrático e
se colocava como não sendo um “partido propriamente dito” e fazendo parte da tendência
conhecida como “comunismo de conselhos”, autogestionária e antileninista e
antissocialdemocrata. Com a derrota da Revolução Alemã e o refluxo do movimento
operário na Europa Ocidental (com as derrotas das demais tentativas de revolução
na Hungria, Itália, e derrota das lutas radicais na Inglaterra, França, etc.),
ele acabou se afastando das lutas políticas proletárias diretas, mas continua
colaborando com os grupos comunistas conselhistas restantes na Holanda, Alemanha
e outros países e produzindo obras sobre o movimento operário. Em 1947 publica
sua grande obra, Os Conselhos Operários.
Assim, até sua morte em 1960, ele continua colaborando com os periódicos
conselhistas e próximos, bem como trabalhando como professor de astronomia,
sendo que desde o início do século 20 é um dos mais renomados astrônomos a
nível mundial.
PRINCIPAIS
OBRAS AUTOGESTIONÁRIAS
Pannekoek
foi um autor prolixo, que escreveu mais de duas mil cartas, uma enorme
quantidade de artigos, diversos livros. A sua obra mais famosa, no entanto, é
História da Astronomia. Também escreveu sobre evolução e darwinismo. As suas
obras voltadas diretamente para as questões políticas principais foram escritas
ao longo do tempo e reproduzindo as fases distintas de seu pensamento político,
como dissidente da socialdemocracia, dissidente do socialismo radical e
comunista conselhista. Desde suas primeiras obras, no entanto, já pensava o
comunismo e o movimento operário de forma distinta do que ficou conhecido pela
abordagem socialdemocrata, amplamente criticada por ele, e pelo bolchevismo,
que ele entrará em confronto com o seu próprio desenvolvimento e atinge o cume
com as notícias da burocratização da Rússia. Sobre autogestão ele produziu uma conjunto
enorme de cartas, artigos e um livro em especial, sendo que diversos artigos
foram posteriormente reunidos e publicados como livros.
A
sua principal obra é justamente o livro “Os Conselhos Operários”, onde ele
sintetiza sua teoria e produção intelectual a partir do impacto da derrota do movimento
operário e dos conselhos operários no início do século 20. Essa obra, que tem
uma parte publicada no Brasil, sob o título A Revolução dos Trabalhadores, se
destaca por haver todo um trabalho de análise dos conselhos e seu significado histórico.
Outra obra publicada no Brasil, que reúne diversos artigos deste autor, no qual
mostra sua crítica aos partidos políticos e aos sindicatos e sua defesa dos
conselhos operários, é Partidos, Sindicatos e Conselhos Operários.
Pannekoek,
assim como Marx, não usou a expressão “autogestão”, que só vai surgir no Maio
de 1968 na França, mas usou termos que possuem o mesmo significado: comunismo, sistema
de conselhos, conselhos operários.
A
posição radical de Anton Pannekoek e sua recusa tanto da socialdemocracia e
bolchevismo, levou seu pensamento a um processo de marginalização dentro do movimento
intitulado “socialista”, especialmente a partir da chamada “bolchevização” dos
partidos comunistas. No entanto, seu nome geralmente emerge nos momentos de radicalização
das lutas, como no Maio de 1968 na França e a partir do movimento antiglobalização
no final dos anos 1990, e ele sempre foi uma referência dentro dos grupos radicais
dissidentes ou antagônicos à esquerda tradicional.
LINKS
PARA LIVROS E ARTIGOS AUTOGESTIONÁRIOS
PANNEKOEK,
Anton. Partidos, Sindicatos e Conselhos
Operários. Rio de Janeiro: Rizoma, 2011.
PANNEKOEK,
Anton. A
Revolução dos Trabalhadores. Florianópolis: Barba Ruiva, 2007.
Veja
também: Leitura
recomendada e Textos, para mais indicações bibliográficas de/sobre Pannekoek e a
autogestão.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
Teóricos da Autogestão: Karl Marx
KARL MARX: TEÓRICO DA AUTOGESTÃO
BREVE
BIOGRAFIA
Karl
Marx (1818-1883) nasceu em Trèves, cidade ao sul da Prússia Renana, na
fronteira da França, no dia 5 de maio de 1818. Filho de Herschel Marx, advogado
e conselheiro da justiça, descendente de judeu, era perseguido pelo governo
absolutista de Frederico Guilherme III. Em 1835 concluiu o curso ginasial no
Liceu Friedrich Wilhelm. Ainda nesse ano e boa parte de 1836, Karl estudou
Direito, História, Filosofia, Arte e Literatura na Universidade de Bonn.
No final de 1836, vai para Berlim, onde se propagam as ideias
de Hegel, destacado filósofo e idealista alemão. Marx se alinha com os
"hegelianos de esquerda", que procuram analisar as questões sociais,
fundamentados na necessidade de transformações na burguesia da Alemanha. Entre
1838 e 1840, dedica-se a elaboração de sua tese, “A Diferença entre a Filosofia
da Natureza em Demócrito e Epícuro” (1841).
Marx
não é aceito nas universidades e começa a atuar como jornalista escrevendo
artigos para publicação animada por ele e Arnold Ruge, os Anais Alemães, mas a
censura impede sua publicação. Em outubro de 1842, muda-se para Colônia, e
assume a direção do jornal Gazeta Renana, mas logo após a publicação do artigo
sobre o absolutismo russo, o governo fecha o jornal. É expulso da Alemanha e
vai para a França, com sua esposa Jenny e como Ruge funda a revista "Anais
Franco Alemães", onde publica os artigos de Friedrich Engels. Marx publica
"Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" e "Sobre
a Questão Judaica". Logo é expulso da França e posteriormente da Bélgica,
terminando por morar em Londres, Inglaterra. Participa da fundação e
organização da AIT – Associação Internacional dos Trabalhadores. Passa um
período de sua vida na miséria e sobrevive dos poucos recursos de seus artigos
em jornais e da ajuda de amigos e colaboradores. Na Inglaterra, publica parte
de sua grande obra, O Capital.
Karl
Heinrich Marx morreu em Londres, no dia 14 de março de 1883, em consequência de
uma bronquite e de problemas respiratórios.
PRINCIPAIS
OBRAS AUTOGESTIONÁRIAS
Marx
tinha uma perspectiva crítica em relação ao utopismo. Crítico do socialismo
utópico, que pregava uma nova sociedade, mas não observava os caminhos e
agentes para sua constituição de forma concreta, apelando para soluções fantasiosas,
como a “educação”, a “razão”, etc., ele escreveu pouco sobre a sociedade
futura. Outro motivo para ser cauteloso em se tratando de discutir a sociedade
do futuro, é devido sua tese de que a emancipação humana ocorre via revolução proletária
e cabe ao proletariado mostrar o caminho concreto de sua realização. Nesse
sentido, ele dedicou a maior parte de sua obra para compreender a história da
humanidade e principalmente a sociedade moderna e as lutas de classes que
tendem a engendrar o comunismo. Nesse sentido, produziu obras fundamentais como
A Ideologia Alemã, Manifesto Comunista, A Miséria da Filosofia,
O Dezoito do Brumário, entre outras.
A
sua maior obra foi O Capital, que
ficou incompleta. Ele, em vida, publicou apenas o volume 01 e os volumes 2 e 3
foram publicados por Friedrich Engels e o 4 por Karl Kautsky. Nessa obra,
talvez a mais importante da sociedade moderna, ele aprofundou a análise do modo
de produção capitalista, mostrando a essência da exploração dos trabalhadores assalariados
produtivos pelo capital através da extração de mais-valor, bem como o processo
de acumulação capitalista e suas tendências.
Assim,
escreveu pouco sobre a sociedade futura, tendo trechos e observações espalhados
por diversas obras, como A Ideologia
Alemã, Manuscritos de Paris, Crítica ao Programa de Gotha, O Capital, Manifesto
Comunista, entre diversas outras, incluindo cartas e textos curtos. As duas
obras em que mais desenvolve sua análise da sociedade comunista são A Guerra Civil na França e Crítica ao Programa de Gotha. Na
primeira ele analisa a primeira experiência autogestionária da história, a Comuna
de Paris, mostrando seu caráter autogestionário e sua importância histórica
universal; na segunda critica o programa do partido socialdemocrata alemão
nascente e faz observações sobre o comunismo.
Marx
não usou a expressão “autogestão”, que só vai surgir no Maio de 1968 na França,
mas usou termos que possuem o mesmo significado: comunismo, autogoverno dos
produtores, livre associação dos produtores.
A
deformação do pensamento de Marx pelo pseudomarxismo e as pseudocríticas e
críticas equivocadas de adversários políticos serviu para criar uma interpretação
dominante do seu pensamento que o vincula com seus deformadores (Lênin, Stálin,
Trotsky, Mao Tse-Tung, etc.), os produtores do pseudomarxismo, com o
capitalismo de Estado da antiga URSS e semelhantes (Cuba, China, Leste Europeu,
Albânia, etc.) e com o “autoritarismo”. Essa interpretação falsa e dominante
apenas ofusca sua luta e contribuição para a teoria da autogestão social, a
mais profunda, pois por menos que tenha escrito sobre a sociedade futura, fez
toda uma análise profunda do capitalismo e suas tendências, entre outros
aspectos, que são fundamentais para uma teoria da autogestão social. Os
escritos em que faz referências ao comunismo, apesar de poucos, são fundamentais,
pois rompem com o utopismo, como os modelos pré-fabricados por ideólogos e
utopistas, e destacam elementos fundamentais, como a necessidade de pensar o
agente da revolução, o proletariado, e suas experiências históricas, bem como
ter cuidado com o processo da contrarrevolução e seus perigos e mecanismos para
tentar enfraquecer tal tendência.
LINKS
PARA LIVROS E ARTIGOS AUTOGESTIONÁRIOS
MARX,
KARL. A
Guerra Civil na França. Várias edições.
MARX,
KARL. Crítica ao
Programa de Gotha. Várias edições.
Veja
também: Leitura
recomendada e Textos, para
mais indicações bibliográficas de/sobre Marx e a autogestão.
O que entendemos por autogestão social?
Nós entendemos por autogestão social algo mais específico do que o mero uso da palavra "autogestão". A palavra vem sendo deformada e usada para definir coisas que nada tem a ver com a palavra em sua uso original, ligado às lutas revolucionárias do maio de 1968 na França.
O presente blog é voltado para a autogestão social e a palavra "social" serve apenas para distinguir das concepções simplistas, administrativistas, reformistas, do termo, pois assim fica claro que a autogestão remete à totalidade da vida social.
Nesse sentido, entendemos por autogestão social, ou simplesmente autogestão, uma nova sociedade, fundada na autogestão coletiva do processo de produção e do conjunto das relações sociais, uma sociedade sem estado, capital, dinheiro, relações de exploração e dominação, etc., fundada na igualdade e na liberdade.
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